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quarta-feira, 20 de abril de 2011

A RELAÇÃO ENTRE A ONIPOTÊNCIA JUVENIL & O VESTIBULAR


Iara da Silva Machado

Ser aprovado no vestibular é uma grande alegria para o vestibulando, para a família, amigos...porque é um marco importante na vida de qualquer pessoa. Entretanto, existem alguns aprovados que se sentem superiores aos outros vestibulandos reprovados. Essa superioridade pode simplesmente ser um dado a mais agregado à onipotência juvenil. (Livro: Adolescentes: Quem Ama, Educa! – Içami Tiba).

Dialogando com jovens antes durante e após a passagem pela graduação acadêmica, observamos que há naturalmente períodos de transição de validação pessoal, conforme cita o Içami Tiba em sua literatura. O eixo reflexivo que trazemos nesse momento refere-se à postura dos pais diante da iniciação do jovem na universidade, alguns pais premiam os filhos com carros, contas bancárias universitárias, etc como forma de atualizar o novo status ao qual o filho está sendo convidado a participar. 

Esses recursos podem ser viáveis para um bom número de adolescentes, no sentido de ajudá-los a perceber que há um favorecimento familiar para que ele dedique-se a função de estudar com afinco e depois tornar-se um profissional competitivo positivamente no mercado de trabalho, porém, tais condutas não devem substituir a maturação da consciência desse mesmo filho de que não constitui uma obrigatoriedade parental atender-lhes as demandas materiais, como se eles tivessem feito tudo que precisava ser feito, recompensando os pais, por terem passado no vestibular.

Ter cuidado e atenção ao entender o que é um dever filial pessoal e o que seja uma gratificação amorosa pode ajudar os pais a dimensionar sua função na nova situação dos ‘filhos feras’.

Um dever filial pessoal é a percepção de cada um diante das escolhas que faz em determinado momento da vida, seja na dimensão material, intelectual, afetiva ou espiritual. É uma escolha da personalidade, por exemplo: reconhecer que passar por uma faculdade favorece alguma possibilidade de inserção no mercado de trabalho com melhor qualificação, e que esse investimento é para o SI MESMO.

A gratificação amorosa é a possibilidade de sentir que aqueles que estão em volta desejam manifestar a energia da alegria pela conquista do outro, por exemplo, presentear com qualquer ‘mimo’ possível para cada estrutura familiar um jovem que faz uma conquista pessoal, como inserir-se numa faculdade. Portanto a gratificação amorosa é uma celebração, que necessariamente não precisa passar pelo presente material, pode ser investido da energia da troca afetiva, de palavras positivas de encorajamento e reconhecimento do potencial individual de cada filho, na busca dos seus sonhos e realizações pessoais.

Logo, a visualização dessa vertente pode favorecer a desmistificação da onipotência juvenil, seja ela sutil ou densa e ajudar a juventude a refletir nas inúmeras passagens por onde eles transitarão ao longo das suas vidas, identificando que cada conquista se tornará patamar para um novo movimento, uma nova proposta pessoal de desenvolvimento e crescimento da individualidade.

O êxito no vestibular pode ser mais uma porta de maturação de valores morais e cognitivos e não somente uma forma congelada e engessada de auto-afirmação.

Iara Machado é psicóloga e escreve  para o garimpando e pbnoticias.com

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