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terça-feira, 21 de junho de 2011

AUTOESTIMA – UMA LEITURA SAUDÁVEL


 VALORIZAÇÃO DA ÉTICA


Inácio A. Torres

             No Brasil a ética passa por uma grande crise. O problema é que instituíram-se dois tipos de ética: a que fiscaliza, denuncia, supervisiona, cobra, vigia, examina, observa com imparcialidade e, quando necessário, recomenda a punição; e a ética corporativista que cultua a mediocridade, a negligência, a irresponsabilidade, acoberta a mentira, o engodo e acode a corrupção, ou seja, a antiética. Lamentavelmente, no campo social, econômico, educacional, político e profissional, a ética fiscalizadora tem sido escamoteada.

            Geradora de ódio social e hostilidades, a ética (antiética) corporativista pouco a pouco explode no meio da opinião pública, incitando inclusive os cupinchas do Governo - atualmente acuados por críticas coerentes de educadores brasileiros - ensaiarem até a obrigatoriedade de se “ensinar” ética e filosofia no ensino fundamental.

            Ética, no dizer dos dicionaristas, é a parte da filosofia que estuda os deveres do homem para com Deus e a sociedade. É a ciência da moral. O professor Marco Segre, bioeticista da USP, em palestra para profissionais de saúde da Paraíba, afirmou que a ética vem antes da moral e da legislação. É inerente ao próprio homem. E o homem é o resultado de seus genes. A eticidade é resultante de um determinante genético ou da condição social. Volney Garrafa, colega nosso da Universidade Nacional de Brasília/UNB, em entrevista a Isto É , assegurou: “ética não se ensina, mas as pessoas sabem o que é”.

            Na verdade, ética não se ensina, se discute. Ela existe para garantir a independência, a liberdade e a autonomia do homem; porém, a modernidade intensificada pelos avanços científicos e tecnológicos se dicotomizara em benefícios e complicações reduzindo garantias de direitos humanos. 

O que seria, por exemplo, da humanidade atual, se para temas polêmicos como aborto, engenharia genética, inseminação artificial, eutanásia, transplantes de órgãos, estupro, cidadania na área da saúde, racismo, prostituição, homofobia, preservação do meio ambiente dentre outros, não houvesse a Bioética? - esta ciência nascida nos anos 70 nos Estados Unidos e Europa, e que conforme Léo Pessini representa “uma síntese de conhecimento e ação multidisciplinar para responder aos problemas morais no vasto campo da vida e da área da saúde”. Certamente, iríamos continuar atribuindo certeza - sem provocar nenhuma discussão - a tudo aquilo que dentro de nós ainda existe como dúvidas e indagação.

            Além das questões supracitadas, outras de magnitude e larga abrangência surgirão, exigindo para seu enfrentamento uma participação maciça da sociedade. Dessa discussão, nenhum profissional - e aqui ressalta-se os da saúde enfermeiros farmacêuticos, médicos, odontólogos e demais - deverá se omitir. Os omissos e indiferentes pagarão um preço alto pelo descompromisso em favor da qualidade de vida no planeta e futuro da humanidade.

            Para responder aos nossos problemas morais no campo da vida e da saúde, aí está a Bioética , ciência que, graças aos seus abnegados adeptos, começa a ser disseminada pelas universidades brasileiras, ganhando corpo entre os futuros profissionais das áreas das ciências da saúde, humanas, comunicação e tecnologia. Avançando com conquistas significativas e perspectivas de futuro promissor.

            Em Brasília, na UNB, a disciplina Introdução a Bioética, ministrada por Volney Garrafa, tem uma clientela que, no dizer deste docente, compõem-se de pessoas cansadas da antiética, da violência e da corrupção e que procuram respostas para suas contradições éticas”.

            Com o trabalho de seus valorosos pesquisadores- mencione-se na Paraíba o professor Genival Veloso de França- e, mesma atuando silenciosamente, a bioética vai consolidando uma consciência nacional engajada em uma luta coletiva pela melhoria da qualidade de vida em nosso país e pela valorização da ética em todas as áreas dos saberes. 

             Ao Dr. Toríbio Gomes de Sousa, médico ortopedista e traumatologista, que informa ler costumeiramente essa coluna. A mesma está à disposição para seus comentários e artigos.


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