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sábado, 6 de agosto de 2011

Comunicação



O jornal Correio da Paraíba, edição de 31/07/2011, publicou na coluna Conversa Aberta, de responsabilidade do Conselho Regional de Psicologia/PB, o texto: Pais e filhos - o diálogo é fundamental, de autoria de Morgana do Nascimento Andrade, cajazeirense, Psicóloga clínica, especialista em Dor pelo Hospital A.C. Camargo, São Paulo/SP, e Neuropsicóloga atualmente atendendo na Clínica da Coluna, na rua Dom Moisés Coelho, 396 – Torre, em João Pessoa. Pela importância e proximidade do dia dos pais, julgamos pertinente republicá-lo nesse site. Leiam, reflitam e comentem.


PAIS E FILHOS: O DIÁLOGO É FUNDAMENTAL


 


“Na relação entre pais e filhos há muitos altos e baixos. Para alguns pais, os tempos mudaram. Dizem: antes os pais davam ordens e os filhos obedeciam. Agora, é o inverso. O mundo virou de cabeça para baixo. Embora compreensível, essa opinião não deve ser naturalizada, pois carece de uma discussão cautelosa.


Hoje, apesar de tantos avanços e inovações educacionais, vemos pais insistirem na defesa desse antigo modelo de convivência familiar. Defendem radicalmente o discurso da ordem. E existe razão para isso, pois é mais fácil adaptar-se ao desenvolvimento tecnológico do que ao educacional. A tecnologia da telecomunicação concedeu ao homem atual o privilégio de comunicar-se instantaneamente, porém, está criando um ente excessivamente informado, mas pouco participativo no hábitat familiar.


Resultado: ausência de comunicação entre membros da família; falta de solidariedade e de respeito; pouca capacidade para escutar o próximo e para expressar e trocar sentimentos. O diálogo familiar está em crise. A comunicação virtual entrou nos lares emudecendo as pessoas, enclausurando pais e filhos em quartos separados, e pouco se falando. Conversam mais, via modem, com desconhecidos, do que com familiares e amigos. Trechos da carta a seguir, extraída do Boletim Quatrocentão [2000], escrita por uma garota de 13 anos, convida-nos a refletir sobre os argumentos acima expostos.


“Mamãe, eu preciso desabafar. Sei que você se mata por nós. Ninguém sabe agradecer, mas todos nós lhe somos gratos. Nós queremos é você e não os seus serviços. Quem consegue conversar a sós com você?


Você ralha sempre comigo. É o vestido sujo e rasgado, os cabelos despenteados, o quarto desarrumado. Sempre as mesmas reclamações inúteis, que já sei de cor. Sabe o que está faltando nessa casa?! Tempo para conversar. Quando eu volto do colégio, morro de vontade de chegar perto de você e de contar tudo; meus amores, meus sonhos, meus medos. Você está na cozinha. Eu sei... a comida não pode queimar. Mas você sabe que me queima a alma sua frase sempre fervendo de impaciência: ‘agora não... não posso ouvir nada. Daqui a pouco’. O daqui a pouco nunca chegou. E estou farta de esperar.


À noite, quando os pequenos ferram no sono, se eu pudesse ficar a sós com você, eu diria tudo: o livro que me impressionou, os segredos de minha única amiga, até mesmo os meus pecados. Tudo isso eu diria. Você nunca se sentou à beira da minha cama para conversar! Ah! se você soubesse a desordem que reina no meu coração! Se eu pudesse um dia verificar que meus problemas interessam a você, eu me sentiria crescer. Eu seria boa, eu me tornaria alguém. Não se zangue, Mamãe. Fale comigo”.

Morgana do Nascimento Andrade

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