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terça-feira, 20 de setembro de 2011

ARTIGO

O pragmatismo em Ernani Sátyro


        
por: EVALDO GONÇALVES DE QUEIROZ

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Dentre inúmeras e notáveis virtudes do ex-governador Ernani Sátyro, cujo centenário de nascimento a Paraíba comemora este ano, uma se sobressaía sobre as demais: o espírito prático para solucionar os desafios  que lhe chegassem ao conhecimento. Isto lhe dava uma superioridade sobre a inexorabilidade do tempo. Tinha consciência da transitoriedade de sua missão e nenhum segundo poderia ser desperdiçado.
 
Essa sua preocupação com o bom uso do tempo muitas vezes foi confundida com desatenção, falta de civilidade, temperamento forte e outras leituras propagadas, sobretudo, pelos seus adversários políticos, ignorando-se suas virtudes morais e políticas, injustamente distorcidas.
 
Não conheci, em 16 anos de convivência, ninguém com pauta de trabalho mais organizada e fielmente cumprida. E tenho nessa matéria alguma experiência. Horário agendado para ele era para ser cumprido. Não fazia concessões com o acaso, nem com as eventualidades. Por isso, encontrava hora para tudo que pretendia fazer: trabalhar, ler, escrever, e até para o lazer, quando se refazia com os amigos, conversando assuntos diversos, tudo dentro do tempo previsto e sem enfoque institucional.
 
Ao chefiar a sua Casa Civil, por sua orientação, da segunda a sexta-feira, das 8,30 até às 11,30 horas, recebia religiosamente, durante 30 minutos, todos os seus secretários, se inteirando e dando diretivas e diretrizes sobre a administração pública do Estado. À tarde, nos mesmos dias, das 15.00 às 18.00 horas, concedia audiências em Palácio, previamente agendadas, num total de seis pessoas, sendo que nas sextas-feiras, à tarde, era a vez dos deputados federais e estaduais.
 
Antes das audiências, a partir das 14,00 horas, despachava com os seus Chefes da Casa Civil e Militar, bem como com sua Secretária Particular, se inteirando dos expedientes existentes nessas instâncias. Após o cumprimento dessas agendas, se sentia à vontade para suas visitas a amigos velhos, em suas casas, ou em ambientes de trabalho, nunca se esquecendo de rever os grandes amigos, José Américo de Almeida, e o Escritor Celso Mariz, a quem carinhosamente tratava por “tu”.
 
No sábado de manhã ia ao Palácio, levando seu artigo do domingo, para publicação em “A União”, quando tinham que estar presentes sua Secretária Particular, seu Chefe da Casa Civil e Militar e seu Secretário de Divulgação. Era rotina de trabalho invariável, cabendo-lhe  usar os dias de domingo e feriado como bem lhe aprouvesse, ou cumprindo pautas de inaugurações e visitas às obras do seu Governo.
  
Esse pragmatismo respondeu por uma das mais prósperas gestões da Paraíba, não esquecendo Ernani Sátyro dos contatos políticos, aqui e em Brasília, pois, ao lado do administrador operoso nunca desaparecerem suas condições de grande político, intelectual e humanista.

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