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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Autoestima - uma leitura saudável para começar bem o seu dia!



A SÍNDROME DO FIM DE ANO


Inácio A. Torres

Em 2003 participamos em João Pessoa de uma palestra proferida pelo Dr. Waldemar Augusto Cammom, o maior estudioso e publicador de livros no Brasil, sobre o suicídio. Esse pesquisador argumentara que o fim do ano é o período de maior número de suicídios na cidade de São Paulo, sobretudo em áreas do metrô, onde as pessoas costumam enforcar-se nos banheiros ou atirar-se na frente de trens em velocidade. O motivo dessas mortes: falta de condições para passar o Natal com parentes distantes; lembranças de bons momentos passados e a não possibilidade de reviver esses momentos, bem como de fazer planos para o ano prestes a começar. Além de outros, como angústia, ansiedade e depressão.

A afirmativa do Dr. Cammom é uma grande verdade. E essa situação atinge especialmente os mais humildes provenientes de várias partes do Brasil e que buscam o sudeste sonhando com dias melhores. São pessoas desamparadas, desprovidas de autoconhecimento e desconhecedoras de serviços que oferecem estratégias para se evitar a depressão e a solidão tão comuns nessa época do ano.

Particularmente, sempre fui cismado com as comemorações de final de ano. É que nestas festas, tenho a impressão de que haja a revelação de uma alegria que parece mais uma euforia vazia e, ao mesmo tempo, recheada de hipocrisia. Por essa época, valoriza-se demasiadamente o consumismo escancarado pela propaganda midiática, que instiga as pessoas a acreditarem que o ideal de felicidade significa a capacidade econômica acrescida do poder de consumo, levando a população ao total esquecimento do verdadeiro sentido que representa o Natal. Exemplo: em muitos lugares do mundo, realça-se mais a figura do imaginário papai Noel, do que a de Jesus.

Durante esses festejos, a influência da propaganda comercial é tão forte que induz muitas pessoas a confundir felicidade com consumismo. Pior ainda, a tornarem-se portadoras da oniomania – uma doença cujo sintoma principal é o desejo incontrolável de fazer compras, mesmo que não possa cumprir os compromissos assumidos. Por essa época, as cidades (pequenas e grandes) movem-se de modos diferentes. O cenário é similar. Compõe-se de crianças de férias, ruas e lojas apinhadas de gente que vai fazer compras de última hora; aumento nas estatísticas de furtos, roubos e acidentes automobilísticos; e de um trânsito insuportável que irrita e estressa até os mais serenos e calmos. 

No trabalho escuta-se quase sempre as mesmas reclamações: excesso de atividades, prazos curtos para resolução de tarefas que foram empurradas o ano todo com a barriga, enfim, uma sobrecarga que acaba na elevação de estresse com conseqüências graves a médio e a longo prazos. É como se, em vez do fim do ano, fôssemos vivenciar o fim do mundo.

Aliás, esse fenômeno tem sido estudado em alguns países. No Brasil, a International Stress Management Association/ISMA, uma entidade que estuda o estresse e suas formas de prevenção, realizou uma pesquisa com 678 pessoas, de 25 a 55 anos (homens e mulheres, economicamente ativos), cujo resultado mostrou que 80% delas têm seu nível de estresse maior no final do ano. Conforme os responsáveis por esse estudo, os excessos se traduzem em sintomas físicos, comportamentais e emocionais, como insônia e problemas gástricos; aumento da irritação e ansiedade; e maior uso de medicamentos para regular a ansiedade e compulsão por comida. 

De acordo com o estudo, 60% dos entrevistados se dizem estressados pelo excesso de tarefas no trabalho e 25% acreditam que os gastos adicionais com presentes e festas aumentam seu nível de estresse. Entre outros sintomas, 75% sentem-se mais irritados e 80% mais tensos.

Acrescente-se a esses fatores estressantes, as tentações provenientes de uma mesa farta e, ao mesmo tempo perigosa, sobretudo para portadores de hipertensão, arritmia ou diabetes. Falamos das guloseimas do Natal e da festa do ano novo.

Realmente não é fácil a época de fim de ano! Ver-se, por exemplo, um cardápio recheado de frituras e salgadinhos, saboreados na ceia caseira intrafamiliar, ou o tradicional churrasco de confraternização, partilhado com amigos de trabalho, naquela churrascaria de encontros de fim de semana, acompanhado de um bom vinho ou de uma cerveja bem gelada, e dele abdicar, evitando o pecado da gula, só mesmo para quem tem grande força de vontade e espírito elevado de superação.

A essa série de desafios e enfrentamentos, que culminam com o surgimento de sinais e sintomas de ordem biológica, psicológica e social, nem sempre agradáveis, os norte-americanos denominam de Síndrome de fim de ano. Para os que desejam prevenir essa síndrome, recomendamos que leiam e pratiquem esses aconselhamentos pronunciados por especialistas: evite aborrecimentos intrafamiliares próprios da época; não pare seus exercícios físicos nem sua leitura diária; cumpra normalmente seu horário de acordar e de dormir; planeje com antecipação onde passar as festas e fazer compras; se possível programe uma viagem de férias; liste a quem presentear; e, por fim, controle seu cartão de crédito. 

Boas festas
Tenham todos (direção, redatores, fotógrafos, colunistas, colaboradores e leitores do garimpandopalavras.blogspot.com, bem como a população de Patos  e sertaneja ) um Natal saudável e um 2012 com muita saúde, paz e felicidades. Até o próximo ano, com fé em Deus.

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