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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MEMORIAL: AOS TREZE...

por Misael Nóbrega de Sousa

A morte é um evento triste. Mas, qual plano seria melhor, pergunto. A perda quando abrupta, súbita, repentina... "vupte", "foi assim", "nao sei..." - Aquela morte estúpida - Quando lhe furtam a vida, o hálito, e lhe rasgam como a um bicho... De faca, de foice, à bala - A que se espera (se é que se espera) quando em fase terminal, no leito derradeiro, sufocado, angustiado... - A morte natural - tadinho, morreu como um passarinho... - A que acontece ainda no parto: zigoto, feto, menino... As vezes é a mãe que definha, e deixa à cria, o desgosto da cruz - A morte ocasionada pela negligência, que podia ser evitada - A morte pela imprudência, que podia ser retardada - A morte pela omissão ou inércia. Morte, morte, morte. Em qualquer episódio, somos estatisticas, estrumes para as ramas, pós, quem dera sementes. Vítimas ao bel-prazer do escárnio, do espetáculo, do escatológico. Morrer é uma doação, pois deixamos de ser. Um ato de igualdade, de remissão dos pecados. Antes mesmo de qualquer ritual, uma contemplação sobre a vida. Hábitos simples, tais como: abraçar, beijar, sorrir, cantar... Na volta pra casa, após depositar o morto, o conduto para dentro de nós mesmos, feito salvação. A carne já está condenada, lutemos para morrer com dignidade e que tenhamos tempo de nos despedir deste mundo, mesmo sabendo que ele não é lá grande coisa. As treze pessoas que morreram anteontem, na volta pra casa, nao tiveram a mesma sorte. Pensemos nisso, enquanto somos. No breu do domingo, velhos e moços retalhados no asfalto. Não precisava ser assim. Janete, Socorro, Delma, José de Arimateia, José Alves, Terba, Vinicius, Juan, Kauê, Lucia, Nicélia, Maria das Neves, Francisca... O homem comum, encontra na fé, o galardão da vida eterna - Na oração, o ideário de vencer todos os temores - Mas, nas atitudes estão a certidão da espécie. Agora é hora de consolar, antes fosse de júbilo. Não tenho porque julgar, sou tambem espasmo. A morte tem o nosso rosto, mas nunca terá a nossa paixao.

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