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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

QUE A SAÚDE SE DIFUNDA SOBRE A TERRA

orionimundi.blogspot.com
Inácio A. Torres

 
Há quarenta e oito anos a igreja católica realiza no Brasil a Campanha da Fraternidade/CF. Durante esse tempo, vários temas foram abordados e, em todos eles, a  valorização da vida foi destaque. Lembro bem da CF de 1981, que teve como lema “Saúde para todos”, assunto que provocou uma boa e imprescindível reflexão naquele momento em que no Brasil, fervilhava um bom combate em favor da reforma sanitária. O texto-base daquela época ainda hoje é citado como referência relevante para a construção de projetos em favor da promoção da saúde pública brasileira.

A CF/2012 promete uma saudável discussão. Tendo como tema “Fraternidade e saúde pública" e como lema “Que a saúde se difunda sobre a terra!" -  um versículo do livro do Eclesiástico (38,8) – certamente, a exemplo das campanhas anteriores, a deste ano terá uma grande repercussão e um resultado promissor.

O objetivo geral da CF/2012 é promover uma ampla discussão sobre a realidade da saúde no Brasil e das políticas públicas da área, para contribuir na qualificação, no fortalecimento e na consolidação do SUS, em vista da melhoria da qualidade dos serviços, do acesso e da vida da população. Será iniciada no dia 22 de fevereiro - a quarta feira de cinzas – estendendo-se por toda a quaresma.  

Ao debater a situação da saúde do povo brasileiro, a igreja  instiga uma reflexão sobre a qualidade de vida dos humanos e uma preocupação nada nova. Recorramos ao Eclesiástico (30, 15-17) onde se lê: “A saúde da alma na santidade e na justiça vale mais que o ouro e a prata; um corpo robusto vale mais que imensas riquezas. Não há maior riqueza que a saúde do corpo, não há prazer que se iguale a alegria do coração.” Como se vê, a revelação bíblica coloca a saúde humana como uma riqueza inigualável, portanto tenhamos bons cuidados para com ela.

Na verdade, o momento é propicio para esse grande debate. Para isso há inúmeras razões de cunho científico, tecnológico, humanístico, social e ético. O nosso país atravessa um momento de grandes dificuldades envolvendo o nosso Sistema Único de Saúde, abrangendo desde a escolha de gestores e a formação dos trabalhadores do setor; até a precarização dos serviços e a manipulação do controle social.

Diante desse quadro, sobretudo quando implica em questões éticas (tivemos recentemente fatos antiéticos envolvendo trabalhadores da saúde como, estupro de mais cinqüenta mulheres em uma clínica de saúde privada, mutilação de pacientes com necessidades especiais, maus tratos contra idosos e crianças em serviços de saúde públicos, erros absurdos nos procedimentos e cuidados e outros) não devemos enquanto cidadãos e cidadãs brasileiros silenciar e nem permanecer no imobilismo e na submissão que só atrapalham e aceleram o sofrimento físico, emocional, e social das pessoas. É preciso que atendamos a essa conclamação saudável da Igreja Católica. Faz-se necessário que acordemos a nação exortando-a para enxergar as necessidades e os direitos inerentes a ela.

O “Direito não socorre aos que dormem” diz antigo provérbio, por isso a sociedade deve ficar alerta buscando provocar o Estado para que entenda e atenda as pessoas possibilitando-lhes um atendimento digno de saúde sem discriminação, fundamentado na Constituição e nos princípios do SUS, notadamente os da universalidade e da equidade.

O texto-base da CF/2012, construído, organizado e publicado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB deve ser discutido em todos os segmentos da sociedade – realce-se escolas, universidades e pastorais. Em seu conteúdo, pode-se notar orientações e advertências sobre conceitos relevantes como o cuidar/o cuidado com doentes, a prática de hábitos para uma vida saudável e formas correta de politização para exigências de melhoria do Sistema Único de Saúde e Estratégia Saúde da Família.

A igreja, através da Campanha da Fraternidade, tem buscado cumprir o seu papel de mediadora, educadora e evangelizadora em favor da promoção da vida. Neste ano, desperta-nos para a nossa responsabilidade perante a saúde – repito riqueza inigualável – de todos e, essencialmente dos menos favorecidos.

O trabalho desenvolvido pela Igreja católica no setor saúde através de mais de oitenta mil agentes voluntários atuando na atenção primária, na emancipação de conselhos e nos serviços de saúde é a prova inconteste de um trabalho evangelizador e, ao mesmo tempo humanitário e dignificante para a evolução da vida humana. Façamos a nossa parte.

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