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sábado, 3 de março de 2012

Violência contra mulheres: o deslustre no conceito do homem contemporâneo

Inácio A. Torres (pbnoticias.com e garimpandopalavras)

Segundo levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Justiça, no Brasil uma em cada seis brasileiras já foi agredida dentro de casa. Desde a criação da lei Maria da Penha, em 2006, para combater e punir a violência contra as mulheres, mais de 330 mil processos foram abertos e 9.700 mil agressores detidos.

Mas, os crimes contras mulheres e crianças não param. Há poucos dias, no Rio de Janeiro, um homem estuprou uma menina de 12 anos num ônibus na Rua Jardim Botânico. Esse criminoso estava preso desde 2004, acusado de homicídio, cinco roubos e um motim carcerário. Pasmem! Tão logo o mesmo saiu da prisão - beneficiado pela progressão de regime - atacou seis pessoas e cometeu esse bárbaro estupro.

Na Paraíba, o Centro 8 de março, uma Organização Não Governamental de João Pessoa, divulgou recentemente uma estatística que envolve violência contra as mulheres paraibanas. Conforme os dados dessa entidade, em 2010, foram registrados 53 assassinatos e 130 estupros. Já em 2011, na Paraíba, 104 mulheres foram estupradas, 44 assassinadas, 63 sofreram tentativas de homicídios e 74 foram agredidas. Do total de estupros, 23 foram contra mulheres adultas, 45 contra adolescentes e 36 contra crianças.

Essa pequena redução do número de assassinatos e estupros instiga o fortalecimento do trabalho de conscientização popular para que, cada vez mais, agressores de mulheres sejam denunciados e punidos. Apesar desse esforço, os crimes contra o sexo feminino ainda são chocantes e os números alarmantes em todo o país.

Saliente-se que, os dados oficiais da Polícia Civil da Paraíba/PCPB sobre assassinatos de mulheres paraibanas são distintos desses divulgados pela ONG pessoense. A estatística é ainda mais aterrorizante. De acordo com a PCPB, nos dois últimos anos foram registrados 233 homicídios e não 97 (informação extraída do Jornal Correio, 24/02/2012).

Esse misógino indicador demonstra que ainda vivenciamos uma cultura recheada de preconceito sexista e ideológico com predominância de opressão, ódio e desprezo ao sexo feminino. Lamentavelmente essa situação atinge e deslustra o conceito do homem contemporâneo que aprendeu a conviver pacificamente com as suas companheiras buscando construir uma sociedade justa e solidária para ambos os sexos. Mais: lutando pelos avanços da igualdade de gênero.

A agressão intrafamiliar contra mulheres e meninas é uma realidade no Brasil. Nesse ambiente, são inúmeros e chocantes os casos de violência contra o sexo feminino. Os bárbaros assassinatos recrudescem e repetem-se motivados pela certeza da impunidade, sobremaneira quando se trata de agressores ricos e poderosos que se escondem por trás dos véus da injustiça e da dinheirama.
A lista de mulheres assassinadas no Brasil é enorme. Citemos alguns realçados pela mídia em virtude da barbárie: Daniela Peres (atriz), Sandra Gomide (jornalista), Eliza Samúdio (modelo), Eloá Pimentel (estudante) e Márcia Barbosa (estudante).

Recentemente na Paraíba: Michelle Domingos (recepcionista) e Isabella Pajussara (professora) foram covardemente estupradas e assassinadas por pessoas de convivência familiar e com certa influência na cidade de Queimadas.
Em Remígio, Lucinete Pereira de Medeiros, uma jovem mulher de 25 anos, foi morta pelo seu cunhado que, conforme reportagem da jornalista Lígia Coeli, “a embebedou [...] a espancou e depois colocou uma corda no pescoço dela e saiu puxando até afogá-la no açude”. Poucos dias depois, mais um crime macabro, dessa feita na capital, e assim descrito pelo jornalista Felipe Ramelli: “na Rua Deputado Barreto Sobrinho, no bairro de Tambiá, em João Pessoa, foi encontrado em um carrinho de mão, em frente a uma casa abandonada, próximo ao hospital Santa Isabel, o corpo de uma mulher, assassinada com seis perfurações no pescoço. Seis homens suspeitos foram presos”.

Estamos próximo do 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Sinceramente, gostaríamos muito de não apresentar dados tão estarrecedores de violência contra as mulheres adultas, adolescentes e crianças. Mas essa é a realidade sobre a qual não podemos tergiversar. Muito pelo contrário temos de divulgar para que reflitamos e tomemos, sobremaneira nós homens, um posicionamento em defesa das mulheres.

Aqui registro - em total acordo - a justa e talentosa opinião de Nayanna Sabiá referindo-se a esse assunto. Diz ela: “a mulher é tão boa quanto o homem e precisa ser reconhecida por isso. Essa diretriz deve ser incitada no dia a dia”.

Essa é uma grande verdade. É no cotidiano que, com o discurso da pedagogia, poderemos ajudar os humanos a entenderem e aderirem desde pequenos a uma prática do exercício da humanização, da solidariedade, da justiça e da igualdade de gênero. Como insiste ainda Sabiá: “Sejamos justos, somos merecedores de direitos iguais, somos humanos! Isso basta”.

Encerro esse artigo com um trecho reflexivo extraído do Talmud Hebreu, um livro que contem ditados dos rabinos, em que diz: “Tome cuidado ao fazer uma mulher chorar, pois Deus conta as suas lágrimas. A mulher saiu da costela do homem. Não dos pés para ser pisoteada. Mas do seu lado para ser igual. Debaixo do braço para ser protegida e do lado do coração para ser amada”. 

A todas as mulheres de Cajazeiras, da Paraíba e do Brasil nossos parabéns pelo 8 de Março e que Deus ampare-as, proteja-as, oriente-as, encoraje-as, fortaleça-as e conduza-as na luta reformista, pedagógica e política em favor da igualdade de gênero. Fiquem certas de que há muitos homens torcendo e lutando para que isso aconteça com sucesso e pacificamente. 



Imagens: Google

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