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sexta-feira, 4 de maio de 2012

O que comprar com R$ 5 milhões desviados dos cofres públicos pela quadrilha das prefeituras investigadas na Operação Dublê?


A farra com o dinheiro público não é novidade nesse país, cuja corrupção está impregnada em todas as esferas. A operação Dublê desencadeada pela PF na manhã desta sexta-feira 04 é apenas a ponta do iceberg das manobras promovidas por gestores públicos. Não é à toa que brigam, travam verdadeiras guerras pelo poder. As facilidades para quem controla recursos públicos, na maioria das vezes com intuito de tirar proveito em benefício próprio, são mecanismos que fogem ao controle fiscalizador da sociedade. 

O incrível de tudo, ainda, é a facilidade do enriquecimento ilícito não declarado. Bens de políticos se multiplicam instantaneamente sem que seus honorários sejam compatíveis com a grandeza patrimonial que surge num piscar de olhos, desafiando a lógica da economia. Muita farra, luxo, ostentação de poder. Assim caminha a sociedade, na margem, alheia a essas particularidades daqueles que recebem para usurpar os cofres públicos.

A PF fala algo em torno de R$ 5 milhões a quantia desviada de programas sociais, educação, da infraestrutura pelas prefeituras, especialmente as de Catingueira e Cacimba de Areia. Para muitos o valor pode soar como pequeno. Mas se formos para a ponta do lápis percebemos que cinco mil computadores ou mais que dariam para ser comprados com essa soma poderiam ampliar bastante a política de inclusão digital, de capacitação técnica de tantos jovens que sobrevivem no semi-árido paraibano. 

Quantas crianças não poderiam ser beneficiadas com a construção de cinco creches modelos, as mais modernas do Brasil; quantos mamógrafos não poderiam atender a demanda na prevenção do câncer de mama e por ai vai, não faltariam exemplos de emprego correto dos recursos oriundos dos impostos dos contribuintes, que engordam tantos picaretas. 

A podridão existente no âmbito do setor público, uma herança ibérica que solidificou e se adaptou tão bem em nosso território, contagia muitos outros proponentes a ocuparem os mesmos cargos, exemplificado pelo de prefeito. Acredito que o primeiro ideal de um candidato, talvez esteja sendo pessimista ao extremo, mas, por todo o histórico brasileiro, é tirar proveito econômico, “ajeitar sua vida sua de seus familiares”, mesmo que para isso tenha que falsificar documentos, fraudar licitações, como as apontadas contra os prefeitos Edivan Félix e Betinho. Não há outra explicação. 

Muitos dizem que o dinheiro e o poder cegam. Não acredito nisso. O comportamento ético, a moral, respeito ao próximo, quando verdadeiros, possui blindagem contra esse tipo de safadeza. Tantos e tantos casos de acusados de pequenos furtos apodrecerem em celas imundas, sem a oportunidade de uma regeneração, tendo que viver na escola do crime tendo como professores pessoas irrecuperáveis. Por outro lado temos a justiça dos ricaços, que contratam advogados de grande expressão e acabam se safando. Não duvido que daqui a alguns dias tudo volte à “normalidade”, ou seja, a impunidade para o colarinho branco se manterá e o povo será chamado de trouxa novamente. 

Marcos Eugênio

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