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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Seca: Homem do campo é abastecido a cada 15 dias em São Mamede



Marcos Eugênio

A paisagem cinzenta, o sol causticante, traz de volta momentos não muito distantes de uma realidade que o sertanejo é tão bem acostumado a enfrentá-la: a seca. “Lembro bem das secas de 1993 e 1998. Foram intensas. Em 2000 o açude público secou”, diz preocupado Genário Soares Pessoa, secretário de agricultura de São Mamede, município localizado na microrregião de Patos, região central da Paraíba, analisando a estiagem deste ano. 

São Mamede tem como principal fonte geradora de receitas a agricultura, este ano dizimada pela estiagem, segundo Genário. Vivendo em situação de emergência, decreto já assinado pelo governo da Paraíba, ainda levará algo em torno de um mês para que haja homologação por parte do governo federal.

O abastecimento é um grave problema. Apenas um carro-pipa, do município, é que faz a distribuição à população rural, cerca de 1.800 pessoas ainda vivem no campo. O secretário explicou que a água de beber, retirada do açude público José Severino Araújo, construído pelo DNOCS, pode chegar ao fim rápido, já que de sua capacidade de armazenamento, que é de 15 milhões de metros cúbicos, existem atualmente apenas 20% desse volume. A evaporação é um grande acelerador nesse processo de secagem do reservatório.

“A extensão rural de São Mamede é enorme e o abastecimento geralmente acontece de 15 em 15 dias em cada residência por que só temos um caminhão”, comentou ao pbnoticias o secretário, frisando que o Exército, após a homologação da situação de emergência, deverá contratar mais três ou quatro caminhões para esse serviço. A água é tratada com hipoclorito de sódio pelos próprios moradores, orientados, segundo Genário, pelo motorista do carro-pipa. 

Ele disse que este ano a seca pegou todo mundo desprevenido, sem alimento estocado para os animais e hoje sofrem pela falta de pasto e de água para os rebanhos. 

A maior parte das reservas hídricas subterrâneas de São Mamede é imprópria para consumo humano devido a salinidade. Com uma média histórica de 450 a 500mm de pluviosidade, as chuvas que caíram este ano não atingiram 250mm, e para piorar, má distribuída, impossibilitando inclusive que as famílias conseguissem encher suas cisternas com a água das chuvas. 

O município vem tomando algumas atitudes para tentar minimizar a situação crítica na qual estão mergulhadas as famílias da zona rural. Uma delas é a limpeza de poços artesianos. De um total de 150, já foram limpos 40. Um projeto para a perfuração de mais 30 poços já teria sido aprovado pelo governo federal, mas até o presente não saiu do papel.

A Secretaria de Assistência Social de São Mamede cadastrou as famílias do campo e também distribui cestas básicas. Na cidade o abastecimento está normalizado. Os moradores recebem água, tanto do açude público local como pela adutora Coremas-Sabugi. 

fotos:correiodaparaiba

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