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terça-feira, 5 de junho de 2012

Autoestima – uma leitura saudável


A Universidade Federal de Campina Grande, em parceria com outras entidades e instituições de ensino superior públicas e privadas realizou de 30 de maio a 02 de junho, em Cajazeiras, o I Congresso de Saúde da Família do Sertão Paraibano, que teve como tema “Atenção primária à saúde no Brasil: qual a nossa identidade?” Dele, com muita honra, participamos como facilitador de duas oficinas e, juntamente com minha esposa fomos homenageados, conforme o relato a seguir por ela mesma escrito.

Uma fala de agradecimento

Plenária de encerramento com entrega de Certificados e premiação de trabalhos científicos no I Congresso de Saúde da Família do Sertão da Paraíba.

A nossa fala é uma das formas de agradecer pelo reconhecimento de algo que foi considerado bom: a nossa atuação em Cajazeiras, simbolizado(a) pela Premiação de Trabalhos Científicos no I Congresso de Saúde da Família do Sertão da Paraíba. 

O prêmio, intitulado Goreti e Inácio Andrade, teve como vencedores os alunos : Mariana de Morais Fortunato (apresentadora); Ana Lídia Carvalho Pinheiro Lins, Dêniar Crystlene de Sousa Aires, Marília Cléssia Pinheiro e  Andrezza Karine Araújo de M. Pereira, cujo trabalho intitula-se Promovendo a saúde na escola: uma idéia que dá certo – relato de experiência.
Justifico a ausência, do Prof. Inácio Andrade Torres, por conta de uma agenda anterior para este dia, em sua cidade natal, Patos, que não pode ser adiada.

Ele, o professor Inácio e Eu nos sentimos muito felizes e honrados com esta tão grandiosa homenagem.

Aumenta nossa responsabilidade ao recebê-la.Indagamos: será justa? É merecida? 

Para massagear nosso ego, aceitamos de coração e mente aberto(s) a um ato tão significante para qualquer ser humano que busca ou buscou se firmar profissional e pessoalmente.

Viemos à convite para Cajazeiras. O desafio? em dois anos implementar o Curso Técnico em Enfermagem que acabara de ser absorvido do Colégio Diocesano pela UFPB. No entanto, aqui, estamos há 32. Acreditamos espiritualmente que fomos chamados pelo Padre Inácio Rolim, para cumprirmos uma missão, nesta terra, que ensinou a Paraíba a ler.

Trabalhamos na UFPB, em Centros de Saúde, Hospitais, em Instituições privadas (no meu caso, na FSM), em diversas comunidades, diversos projetos, estudando e publicando para levar a missão da educação e da saúde, através da pesquisa, do ensino e da extensão, às zonas rurais e urbanas. Trocando saberes e energias. Recebendo e compartilhando.  Aprendendo a aprender, a fazer, e em especial a conviver e a ser, conforme se fundamentam os pilares da educação. 

De nossa vida profissional fala o currículo. Agora, gostaríamos de expressar um pouco de nossa vida transpessoal e familiar, já que estamos em um Congresso que traz a família e sua saúde como foco. 

Trouxemos de João Pessoa, em 15 de setembro de 1980, em nossa bagagem de formação, um professor de Biologia e odontólogo com residência em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial e uma enfermeira sanitarista, licenciada em enfermagem, especialista em Saúde Pública e em Metodologia do Ensino de Enfermagem. 

Em nossa bagagem mais preciosa, nossa vida, trouxemos nosso primogênito Bruno, com 10 meses de vida. E que hoje é médico da Estratégia Saúde da Família. 

Concomitantemente, com as atividades profissionais da prática docente-assistencial, pelo acolhimento, pela tranquilidade da cidade e graças a facilidade de conseguirmos babás e secretárias domésticas, decidimos planejar nossa família com 5 filhos. 

Deus, na sua generosidade, deu-nos mais filhos. Uma segunda filha, Ankilma,  aqui presente, nascida em Patos,  sendo hoje enfermeira, mestra nos fundamentos do cuidado; as gêmeas, nascidas em Cajazeiras:  Morgana que é  psicóloga, especialista em  terapia da dor e  cuidados paliativos e Sara, advogada que trabalha a questão dos direitos humanos, mais especificamente da criança e do adolescente. 

Por fim, após 8 anos, concluídos os mestrados  e outros cursos, decidimos ter o nosso caçula, Inácio Andrade Torres Júnior, aprovado no último PSS da UFPB para o curso de Engenharia Civil, a ser cursado em João Pessoa a partir do próximo semestre. 

Recebemos mais graças divinas. Tivemos a grande alegria de ganharmos uma netinha, Maria Alice, Filha de Bruno casado com a cajazeirense Chiara Brasil, enfermeira e especialista em Saúde da Família, e o nosso genro, o esposo de Ankilma, Marcelo Feitosa, cajazeirense, administrador, professor universitário e pós-graduado em gestão de pessoas.

Fomos adotados por Cajazeiras e adotamos Cajazeiras. A adoção é um grande ato de amor. Hoje conhecemos Cajazeiras e Cajazeiras nos conhece. É, portanto, um vínculo afetivo muito forte.

Maior prova desta adoção e deste vínculo, tivemos quando recebemos o diagnóstico de ser portadora de Câncer de mama.

Agora, - permitam-me – promover a socialização de uma dor.

Houve uma mobilização silenciosa, sem alarde, de muita fé, com redes e rodas de orações, de envio de mensagens, de apoio a mim e a minha família. Daí o porquê de tanto fortalecimento em nossa fé, em nossa credibilidade em Deus e nos amigos e amigas.

Lutamos juntos e hoje estou aqui, após 7 anos e 7 meses, tratada, curada  e levando  a esperança para outras e outros companheiros, que ora enfrentam, buscam e defendem a vida como o bem mais precioso da humanidade.
            
Tivemos suporte para superar. Suportar com serenidade, cautela, determinação. A Terapia Comunitária foi um desses suportes.  Como aprendi na Terapia Comunitária: “só reconheço no outro, aquilo que conheço em mim”; daí, reconhecendo esta dor igual no outro, formamos um grupo de mulheres mastectomizadas, o Grupo Amigos do Peito de Cajazeiras, para nos apoiarmos e trabalharmos as nossas fragilidades psicológicas e físicas. Hoje, somos em torno de 50 integrantes.

Dito isto, convocamos, evocamos e provocamos vocês para que estimulem um cuidado simples. O auto-exame das mamas, que não previne, mas pode diagnosticar cedo (o meu caso suspeitei em um autoexame) o câncer e outras doenças mamárias.

Portanto, olhem e vejam o seu corpo, façam autoexame da boca, das mamas, da pele, dos testículos, do pênis, da vagina e outros. Esses órgãos constituem o seu corpo. São vocês. Peçam ao(a) companheiro(a), pai, mãe , irmãos,  que deem uma olhada onde você não alcança.

Enfermeiros e médicos não negligenciem o exame clínico das mamas das usuárias (transformem-no em um procedimento de rotina). Solicitem a mamografia – exame garantido por lei - antes que se apresentem queixas. Como a prevenção do câncer de colo uterino, façam do exame clínico mamário e da mamografia práticas do cotidiano de atenção primária em saúde

Enfim, em nossos nomes e no de nossos familiares, recebam o agradecimento por esta manifestação de carinho e de reconhecimento que, neste momento, vocês espontaneamente fazem, por dois seres humanos que com suas fraquezas e coragem, virtudes e imperfeições, acertos e falhas, compartilhados com vocês, alunos, colegas, amigos, comunidade, babás, secretárias domésticas e especialmente familiares, conseguiram ir ao encontro do outro nessa alegre dança da vida, do dar e do receber.

Em nome do Presidente deste Congresso, Dr. Vinícius Ximenes, agradecemos a todos e a todas que participaram desta “conspiração afetiva” colaborando para que estas homenagens de tanta felicidade acontecessem. Por fim, nossa saudação afetuosa aos também homenageados, neste grande congresso científico, Gastão Wagner de Sousa Campos, sanitarista e pesquisador da ENSP/FIOCRUZ e Maria Freire Nascimento de Santana, parteira do HRC.

Nosso muitíssimo obrigado.
Carinhosamente Professores Goreti e Inácio Andrade
Cajazeiras - PB, 02 de junho de 2012


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