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sábado, 4 de agosto de 2012

Morre Maestro Severino Araújo


Foto: O Globo
Líder da Orquestra Tabajara, arranjador modernizou o clarinete brasileiro no choro 

Maestro da mais longeva orquestra de bailes do país, a Tabajara, o pernambucano Severino Araújo, 95, morreu na noite de ontem, no Rio, por falência múltipla de órgãos. 

Ele estava internado no hospital Ipanema Inn havia 15 dias. Afastara-se do comando da banda há cinco anos, por problemas de saúde que foram se agravando. 

Filho de um mestre de banda de Limoeiro (PE), Araújo aprendeu música desde a infância, inicialmente como clarinetista, e assumiu o comando da Orquestra Tabajara em 1938, quatro anos após sua criação, em João Pessoa. 

Buscou igualá-la às big bands americanas, adotando um formato com cinco saxofones, quatro pistões e quatro trombones, o que fez o conjunto se destacar e se mudar para o Rio em 1945, para acompanhar artistas e fazer um programa na rádio Tupi. 

"Além de clarinetista e líder de banda, ele era um grande arranjador. Foi ele quem arranjou boa parte do repertório da Tabajara, inspirado nas big bands americanas que ele ouvia em discos quando era menino", diz o pesquisador Zuza Homem de Mello, que trabalhou como agente de orquestra. 

"O Severino marcou a presença da Tabajara como uma orquestra que tocava choros dançantes. Eram diferentes do choro regional. 'Espinha de Bacalhau' [composição de Araújo] era feito para os bailes. E isso se tornou uma marca das orquestras de bailes brasileiras", afirma Zuza. 

Araújo liderou por quase sete décadas o conjunto. Um problema na perna, há cinco anos, o deixou com dificuldades de locomoção e o fez passar o comando para seu irmão Jaime Araújo, 87 -outro irmão, Plínio, 91, é o baterista. 

"A orquestra faz sucesso ainda, e isso tudo foi plantado por ele. Tudo que a gente toca, a maneira de tocar, tem raízes profundas e continua. A Orquestra Tabajara é uma escola, tem um legado", declarou Jaime. 

"Ele contribuiu muito para a linguagem do clarinete moderno, principalmente no choro", disse o clarinetista Nailor "Proveta" Azevedo, da Banda Mantiqueira. 

Araújo era casado com Neuza Monteiro, 85, sua segunda mulher, e deixa quatro filhos: Francisco e Ieda, de seu primeiro casamento, Tânia e Ronaldo. 

O maestro seria velado nesta madrugada e será sepultado hoje ao meio dia, no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul do Rio).

Folha

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