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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Moradores recebem água via carro-pipa uma vez por semana



fotos:Marcos Eugênio
 
 
 
 


Marcos Eugênio

Os 4.019 habitantes do campo e da cidade de Mãe D’Água, município da região de Patos-PB estão vivendo momentos delicados decorrentes da seca. Para complicar, o socorro federal não chega, segundo o prefeito Péricles Viana Junior (Junior Tota). Mensalmente são gastos recursos da ordem de R$ 70 mil dos cofres municipais somente para pagar os pipeiros e conserto de carros. São quatro caminhões e três tratores que fazem o abastecimento, levando água da Barragem de Capoeira, localizada no município de Santa Terezinha, mas que apresenta 22% de suas reservas (12 milhões de m3).

A água de Capoeira geralmente é usada para tomar banho e tarefas do lar. Para aqueles que não têm condições de comprar a água de beber, cuja carroça é comercializada a R$ 5,00, R$ 6,00, usam a água já turva de Capoeira para matar a sede. A Secretaria Municipal de Saúde distribui hipoclorito de sódio para purificar a água. Boa renda dos moradores tem sido destinada para a compra de água para beber. Isso gerou um novo comércio em Mãe D’Água, sendo fonte para muitos carroceiros.

1h da madrugada o movimento de carros-pipas em Mãe D’Água acorda a população. Isso obriga muitos a levantarem mais cedo para aproveitar ao máximo a água distribuída. Cada rua recebe o tão precioso líquido apenas uma vez por semana. Antes eram duas vezes por semana, mas um dos poços da cidade, localizado no leito do rio secou e o quebra-quebra de caminhão devido às péssimas condições de tráfego das estradas atrapalha ainda mais, como também do acesso aos reservatórios que vão secando e se tornando mais distantes as fontes. O corre-corre para encher caixas, tonéis é intenso. Muitos compraram motor-bomba, que joga água para a caixa d’água.

A proliferação de vasilhames também preocupa os órgãos de saúde por receio da dengue. Agentes comunitários de saúde e de endemias fazem o alerta aos moradores para que tomem cuidado com o armazenamento da água, mantendo vasilhames sempre limpos e tampados. O senhor Manoel Ferreira, morador da cidade, lamenta a forte estiagem e diz que não se lembra de uma seca tão intensa. “Nunca a gente teve que conviver com uma seca dessa natureza. Se não tivermos inverno no próximo ano muita gente vai embora daqui”, fala temendo um caos no Sertão por falta de chuvas.

O prefeito Junior Tota diz que o município firmou convênio com o Estado para enfrentamento da seca, mas que o processo é muito burocrático. Disse que a queda do FPM agravou ainda mais a situação do município e que aguarda socorro federal e estadual para aliviar o caos que impera em Mãe D’Água devido a seca.

Capoeira apresenta menor volume dos últimos dez anos

A seca que castiga o Nordeste vem provocando redução drástica no volume hídrico dos principais mananciais. No Sertão paraibano a crise de abastecimento vem atingindo todos os municípios. Um exemplo disso é a barragem Capoeira, localizada no município de Santa Terezinha. Com capacidade máxima de pouco mais de 53 milhões de metros cúbicos, hoje seu volume é de aproximadamente 12 milhões de m3 ou 22%..

Capoeira, nessa última década, atingiu em 2003 seu nível mais baixo de acumulado, com 20 milhões de m3 (37,4%). Com o volume sempre em queda, hoje o índice do reservatório é de apenas 22%. Com a temperatura sempre em alta, a evaporação se acelera, reduzindo as reservas, tão importantes hoje para o abastecimento da população.

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