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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O DESAFIO DE VIVER AS EMOÇÕES HUMANAS!



IARA DA SILVA MACHADO

Dei-vos tais coisas para que minha alegria possa estar convosco, e para que vossa alegria possa ser plena.
João (15:11)



A alegria pertence ao reino das sensações corporais positivas. Não é uma atitude mental. Não se pode decidir ser alegre. As sensações corporais positivas começam partindo de uma linha de origem que pode ser descrita como “boa”. O seu oposto é sentir-se “mal”, o que significa que, em vez de uma excitação positiva, há uma excitação negativa de medo, desespero ou culpa. Se o medo ou desespero for muito grande, a pessoa reprimirá todo sentimento, caso em que o corpo se torna insensível ou sem vida. Quando os sentimentos são reprimidos, a pessoa perde a capacidade de sentir, que é a depressão, um estado que infelizmente pode tornar-se um modo de vida. Por outro lado, quando a excitação prazerosa aumenta, a partir da linha de origem de uma sensação boa, a pessoa conhece a alegria. Se a alegria transborda torna-se êxtase.

Quando a vida do corpo é vibrante, o sentimento assim como o tempo, é variável. Podemos estar sentindo raiva num momento, depois afeto, e chorar a seguir. Assim como o sol pode aparecer depois da chuva, a tristeza pode transformar-se em prazer. Essa mudança de humor, assim como uma mudança no tempo, não compromete o equilíbrio básico da pessoa. As mudanças acontecem na superfície e não perturbam as pulsações profundas que proporcionam uma sensação de bem-estar a pessoa. A repressão do sentimento é um processo de insensibilização que diminui a pulsação interna do corpo, sua vitalidade, seu estado de excitação. Por esse motivo, reprimir um sentimento é reprimir todos os outros. Se reprimimos nosso medo, reprimimos nossa raiva. A repressão da raiva resulta na repressão do amor.

Nós, seres humanos, somos ensinados cedo na vida que certos sentimentos são “ruins”, enquanto outros são “bons”...como os sentimentos são a vida do corpo, julga-los bons ou maus é julgar o individuo, e não os seus atos.

Condenar qualquer sentimento é condenar a vida. Os pais costumam fazer isso, dizendo ao filho que ele é mau por ter certos sentimentos. Isso é especialmente verdadeiro quando se trata de sensações sexuais, mas também se aplica a outras sensações. Os pais geralmente humilham um filho por ele ser medroso, o que obriga a criança a negar seu medo e agir com bravura. Mas não sentir medo não significa que a pessoa sinta coragem. Apenas que a pessoa não sente.

Sentir é perceber um movimento interno. Se não há movimento, não há sentimento. Sendo assim, se a pessoa deixa o braço pender imóvel por vários minutos, ela acaba não sentindo esse membro. Dizemos que “dormiu” (dormente). Esse princípio serve para todos os sentimentos.

Nos tratamentos especializados de saúde mental, psicológica e integral, na liberação dos sentimentos reprimidos, das recordações de um período primitivo da infância, em beneficio da “sobrevivência”, no aprofundamento do self, também vamos adquirindo coragem para lidar com os medos e traumas de um modo maduro, sem negação ou repressão, porque em algum lugar, bem no fundo de cada um de nós, está a criança que era inocente e livre e que sabia que a dádiva da vida era a dádiva da alegria.

Fonte: LOWEN, Alexander. Alegria: A entrega ao corpo e a vida. Summus Editorial.




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