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terça-feira, 30 de abril de 2013

Bispo coordena reunião com entidades para discutir a saúde pública de Patos e região

Dom Eraldo cobrou atitude de todos. Fotos:Marcos Eugênio








O bispo da Diocese de Patos, Dom Eraldo Bispo da Silva, coordenou na manhã desta terça-feira 30, na Cúria, uma reunião com representantes da rede de saúde pública local e regional, com intuito de buscar soluções para os problemas que se arrastam há bastante tempo, causando desconforto aos usuários do SUS, que clamam por melhores serviços.

Representantes do município, a exemplo da secretaria municipal de saúde, do Conselho Municipal de Saúde, Gerência Regional de Saúde, dos hospitais Regional Janduhy Carneiro, Maternidade Dr. Peregrino Filho, além de padres das foranias das Espinharas atenderam o chamado da Igreja, cuja Campanha da Fraternidade de 2012 tratou do tema “Que a saúde se difunda sobre a terra”, na missão de ampliar o debate em torno dessa questão, uma realidade que faz parte da sociedade brasileira.

Os serviços da atenção básica e do Regional de Patos foram o alvo das discussões dos presentes, sem esquecer a categoria médica, considerada escassa, uma carência apontada por alguns como sendo uma das causas do permanente problema na saúde pública na região. Houve críticas em relação ao comportamento de muitos médicos que estariam mais preocupados com o lado financeiro do exercício da profissão, deixando de cumprir sua jornada de trabalho devido o acúmulo de vínculos empregatícios.

Dom Eraldo lembrou da missão da Igreja Católica e sua presença nos debates em torno das ansiedades da sociedade, destacando o trabalho pastoral em prol da saúde. Houve interferência dos padres presentes, a exemplo de Romero Almeida, José Ronaldo, João Saturnino, Evandro Pessoa, Flávio Mamede, todos preocupados e ressaltando a necessidade de que saísse algo concreto do encontro que trouxesse alento às necessidades da população na assistência à saúde.

Todos reconheceram as falhas existentes sob sua jurisdição. É o caso do PSF. A secretária de saúde de Patos, Illana Mota, disse que há médicos em todas as 37 unidades de saúde, mas que a população reclama da ausência deles nos postos e do curto tempo que eles passam no local de trabalho. Explicou que é um problema difícil de resolver e que na reunião agendada com os médicos, que vão pedir aumento salarial, irá cobrar o cumprimento da jornada de trabalho. O médico do PSF de Patos percebe vencimentos de R$ 9.200,00, segundo Illana.

O Hospital Regional de Patos realiza mais de 4 mil atendimentos ambulatoriais ao mês, algo que deveria ser feito pelas unidades de saúde da região. Sobre a inauguração da primeira UPA – Unidade de Pronto Atendimento, que deveria ter ocorrido há dois em Patos, Illna justificou que houve problemas de ordem burocrática com a empresa responsável pela obra, a qual teria falido e o processo teve que ser revisto.

Ela disse, porém, que o município não pode se responsabilizar pela falta de médicos no Hospital Regional, o que levou a interdição da UTI. João Carlos da Silva, representando a diretora do Janduhy Carneiro, Sílvia Ximenes, falou sobre a interdição da UTI, lembrando que o que ocasionou isso foi a falta do médico que não cumpriu a escala, sendo que foi aberto processo administrativo e o fato levado ao CRM. João também informou que as escalas médicas já estão sendo divulgadas no site do Hospital e repassadas ao CRM e Ministério Público.

O gerente da regional de saúde, José Leudo fez longa explanação sobre as falhas de cada entidade pública, seja estadual, municipal. Apresentou números dos recursos repassados pelo governo federal para a atenção básica dos municípios, onde só na região de Patos foram transferidos mais de R$ 24 milhões, de janeiro a abril deste ano. Citou vários exemplos de descasos com a saúde que precisam ser corrigidos, cometidos por profissionais de saúde.

Nem mesmo os conselhos municipais de saúde escaparam das críticas. Cerca de 95% deles, segundo Padre João Saturnino, de Taperoá, números endossados por Valares, são subservientes aos gestores municipais, deixando de cumprir suas funções fiscalizadoras e zeladoras dos interesses da coletividade.

O diretor clínico da Peregrino Filho, Paulo Athayde, acompanhado de Luiz Bandeira,  diretor do Instituto Social Fibra, que administra esse hospital, falou das mudanças ocorridas na Maternidade, pesquisas científicas ali desenvolvidas, grau de satisfação da clientela, que ultrapassa os 95%, redução de mortalidade, além da educação continuada, introdução de importantes serviços, como a de mamografia, que já atendeu mais de duas mil mulheres de agosto do ano passado aos dias atuais, consultório de alto risco, dentre outros.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde, João Bosco Valadares, mostrou que nos últimos 10 anos houve grandes avanços do SUS em Patos, mas que há problemas que precisam ser atacados. Um exemplo é o PSF, com falhas que começam pelos médicos, que não possuem especialização como sanitarista, essencial para se trabalhar na prevenção de doenças da comunidade.

A baixa qualidade no acompanhamento do pré-natal pelo PSF de toda a região foi também destacado, pelas consequências que podem ocorrer à mulher e ao seu bebê. O bispo da Diocese de Patos cobrou mais atitude de todos na busca de solução dos problemas que afligem a população, ficando decidido que essas discussões, a exemplo da ocorrida hoje, serão permanentes, podendo ser convidado já para o próximo evento o Ministério Público. Pediu também punição ao médico do PSF que não cumpre com suas obrigações, deixando de atender a demanda popular.

Um documento reivindicatório está sendo elaborado para ser entregue ao governador Ricardo Coutinho na audiência pública do Orçamento Democrático do Estado, que acontece em Patos neste sábado, dia 4, às 19h.  “Devemos ter esse espaço permanente de diálogo, reflexão para facilitar na superação das dificuldades, que são muitas na saúde, que afetam nosso povo mais pobre, mais humilde, sem condições sociais de se tratar de forma mais digna”, comentou Dom Eraldo.

Marcos Eugênio

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