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terça-feira, 23 de abril de 2013

Delinquência infanto-juvenil cresce na cidade de Patos





Marcos Eugênio

Com a explosão do consumo de drogas, cuja idade dos usuários se apresenta cada vez mais baixa, sendo comum encontrar crianças no consumo de entorpecentes, vem gerando aumento da violência, especialmente em assaltos, roubos praticados por esses menores.

Celulares, câmeras fotográficas despertaram atenção dos delinquentes infanto-juvenis que subtraem esses equipamentos de suas vítimas para usá-los como produto de troca por drogas. Ontem mais um caso revoltou moradores do Bairro Novo Horizonte, que reclamam da falta de segurança e pedem mais ação preventiva pela Polícia.

Três alunos do Colégio GEO, com idade de aproximadamente 15 anos, foram as novas vítimas. Quando saiam do GEO por volta das 20h foram surpreendidos por três menores que os obrigaram a entregar seus celulares. Um dos alunos foi agredido e teve que receber primeiros socorros no Hospital Regional e depois fazer exame de corpo de delito para ser anexado ao BO aberto na Delegacia Regional.

Após denúncia a PM conseguiu localizar um dos assaltantes, um menor da Rua do Meio. Outros dois até às 23h de ontem não haviam sido detidos. Enquanto nossa reportagem estava na Delegacia foi informada que novos roubos haviam sido praticados por outros jovens, os quais haviam sido detidos.

Um pai de um dos alunos do GEO, triste com a situação vivenciada por seu filho, algo que abala toda a família, pedia mais segurança. Disse que está difícil das pessoas até mesmo conversarem em suas calçadas pelo risco que vem correndo. Diz que os casos se multiplicam de violência no Novo Horizonte e são obrigados a viver trancafiados em suas casas enquanto os criminosos dominam as ruas.

Num momento em que as discussões em torno da redução da maioridade invadem o país, uma questão bastante polêmica, que pedem que jovens de 16 anos, que já têm direito de votar, também possam pagar por seus erros. A cidade de Patos não possui qualquer infraestrutura para trabalhar com jovens delinquentes no âmbito judicial. Qual a política existente consegue recuperar um infrator? Ao ser detido o menor passa apenas horas na Delegacia e acaba sendo liberado, com aquela velha praxe da assinatura do termo de responsabilidade dos pais. Esse é apenas um minúsculo exemplo do que ocorre em decorrência do mundo cercado pelas drogas.

Um exemplo de descaso para o problema foi presenciado por muitos que compareceram à festa do último final de semana no Patos Tênis Clube. Várias crianças circulando pela festa e consumindo o famoso loló, uma das drogas que despertam interesse por outras mais potentes, a exemplo do crack. A entrada de menores desacompanhados, ausência do Conselho Tutelar naquele momento demonstrou que o problema está sendo empurrado para debaixo do tapete.

A corrupção de funcionários públicos, levando não apenas celulares, mas drogas para os presídios é algo real, não apenas em Patos, mas em toda a América do Sul, como está explicito em documento da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, que diz que o modelo empregado pelas instituições não consegue vencer a guerra contra o crime organizado e o tráfico de drogas.

Não existe um olhar especial para esse público, amplamente amparado pelo ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, apenas no papel. As políticas e programas sociais são insuficientes e ineficazes. São inúmeros fatores que precisam ser muito bem trabalhados pelo governo e sociedade, como educação, saúde, infraestrutura, qualificação profissional, esportes, um cuidar especial da família, coisas essenciais para que haja avanços na redução da criminalidade.

Drogas
O problema das drogas em Patos é antigo. Não é à toa que o município é tido como uma das mais importantes rotas de tráfico do Nordeste, uma referência já explicitada diversas vezes pela mídia estadual, nacional. A cada boca de fumo estourada pela Polícia, duas novas são abertas. É um comércio de cifras altíssimas e os soldados tanto vendem como consomem. As estatísticas da Segurança Pública constatam que a maioria dos homicídios na localidade tem relação com o tráfico de drogas.

Para manter o consumo muitos adolescentes passam a praticar delitos, dentre eles roubo de celulares, que na maioria das vezes são trocados por drogas diretamente na boca de fumo, aparelhos que vão servir aos traficantes que passam uma temporada nos presídios, e de lá comandam as ações de seus grupos criminosos, seja gerenciando o tráfico, eliminando pessoas indesejadas para seu comércio, a exemplo daqueles que não pagam suas dívidas.

O Programa Educacional de Resistências às Drogas e à Violência levado pela PM aos alunos de 5ª à 7ª série das instituições de ensino públicas e privadas não é suficiente. É preciso ampliar o debate e criar mecanismos que fortaleçam essa resistência para que possamos reduzir as estatísticas de violência que envolvem o mundo infanto-juvenil quando associado às drogas.

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