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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Médicos de Patos são investigados pelo CRM


Médicos do Hospital Janduhy Carneiro, o Hospital Regional de Patos e do Serviço de Atendimento Móvel (Samu) do mesmo município serão investigados através de uma sindicância realizada pelo Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), por retardarem a transferência de um adolescente de 16 anos, no dia 27 do mês passado. Segundo o diretor de Fiscalização do CRM, Eurípedes Mendonça, no dia do ocorrido, o paciente estava em risco de morte. A solicitação de abertura de sindicância aconteceu na última terça-feira.
O diretor explicou que, durante a última fiscalização no Hospital Regional de Patos, ocorrida em dezembro do ano passado, quatros fiscais do CRM foram testemunhas do mal atendimento ao paciente.
“Toda a 'eficiência e presteza' da equipe do Samu 192 de Patos foi testemunhada por nada menos que quatro fiscais do CRM-PB, sendo dois diretores, um deles fui eu”, informou. Ele explicou que foi necessária a interferência dos fiscais junto ao Samu, para que fosse encaminhada uma ambulância e o paciente transferido para o Hospital de Trauma de Campina Grande.
“Quando a equipe do CRM chegou ao hospital, por volta das 12h20, o paciente já estava no local há cerca de uma hora. Ele foi atingido com três tiros, dois nas pernas e um no tórax, e este poderia ter levado a uma hemorragia interna. Ele precisou fazer uma Ultrassonografia, mas não havia radiologista de plantão e a UTI móvel do hospital estava quebrada. Quando foi por volta das 15h30, nós vimos que ele estava em risco e decidimos solicitar o apoio do Samu, mas o que aconteceu é que os médicos do serviço e do hospital discutiram por conta de algumas informações que deveriam ser prestadas e o médico do Samu acabou indo embora, sem retornar”, acrescentou.
O diretor do CRM continuou dizendo que somente depois de duas horas, uma ambulância do Samu do município de Santa Luzia foi encaminhada para a transferência do paciente, que ainda continua internado no hospital de Campina Grande, mas agora com quadro estável. As informações também foram confirmadas pela mãe do paciente, a diarista Ana Paula Santos, 38 anos.
“Eu não tenho outra coisa a falar a não ser que o HR de Patos está um descaso. Há três anos, meu pai faleceu no mesmo hospital, passou três dias e noites sentindo dor e só foram prestar atenção nele quando já estava morrendo. Eu vi a hora meu filho morrer à míngua, só no soro. Ele passou umas duas horas com os ferimentos abertos, sem que ninguém estancasse o sangue. Mas graças a Deus, no Trauma de Campina Grande ele foi bem atendido e agora só aguarda uma cirurgia na perna para a retirada de uma bala”, contou.
De acordo com o coordenador do Samu de Patos, Anderson Sóstenes, em nenhum momento os médicos do serviço negaram atendimento, mas uma das duas ambulâncias apropriadas para a transferência do paciente, conhecida pelo nome de Unidade de Suporte Avançado (USA) estava na revisão e a outra não poderia sair da cidade, pois o município ficaria desassistido.
“O Samu de Patos atende 23 municípios, com 270 mil pessoas. A melhor forma de atender o paciente naquele dia foi solicitar ao Samu de Santa Luzia, que faz parte da nossa regulação, uma USA para sua transferência”, disse.
Ele também contou que um médico do Samu de Patos foi avaliar o paciente no Hospital Janduhy Carneiro, mas contou que não teve conhecimento de nenhum desentendimento por parte dos médicos. Até ontem pela manhã, nenhum comunicado oficial do CRM havia chegado ao Samu de Patos, sobre a abertura de uma sindicância. A Assessoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Saúde informou que a direção do HR de Patos não foi comunicada sobre a abertura da sindicância. De acordo com o CRM, pelo menos seis médicos serão investigados durante a sindicância.


Isabela Alencar - Jornal da Paraíba 

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