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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Cultura regional marca formação em educação emocional e social na Paraíba

 
Dança circular

Merendeiras ensinam consultores segredos da culinária regional

Secretária Márcia Lucena comentou a importância do brincar.

Professor Iranildo mostra seus dons musicais

Sobremesa "Paixão Cremosa

A formação da Liga Pela Paz, metodologia que já faz parte do Plano Estadual de Educação da Paraíba e possibilita aos professores e alunos lidarem com suas emoções para reduzir a violência e melhorar a aprendizagem, esteve presente nas 14 gerências regionais de ensino, capacitando mais de 2.200 professores entre os dias 21 de julho a 01 de agosto de 2014.

Ao longo desse trabalho em que a equipe de consultores pedagógicos da Inteligência Relacional percorreu 1.525 km, apenas no Sertão, muitos fatos inusitados, expressões culturais marcantes do povo sertanejo vieram à tona nesse convívio com os educadores, que souberam aproveitar cada minuto dessa qualificação, para também apresentar um pouco de seus costumes e tradições.

Um caso curioso que deixou a equipe pedagógica admirada aconteceu na formação de Campina Grande, quando a professora Ionilda Cavalcanti da Silva chegou atrasada e justificou, emocionada, que sua mãe havia sofrido um sequestro relâmpago. No período da tarde esta mesma professora presenteou a equipe com uma bela poesia, declamada e aplaudida por todos.

Outra poesia em cordel, literatura que tem como maior expoente o paraibano filho de Pombal, Leandro Gomes de Barros, foi produzida por uma educadora especialmente para lembrar esse momento de qualificação docente, que faz uso de material pedagógico seriado sobre cultura de paz e educação emocional. A autora do cordel foi uma professora de João Pessoa, Miriam Pereira, que deu grande ênfase a este traço marcante da cultura nordestina.

“Vamos todos de mãos dadas
Trabalhar a violência
Mostrar aos nossos alunos
Que eles têm pontos de excelência
São capazes de serem felizes
São grandes vencedores com sua inteligência”

Nesses encontros da Liga Pela Paz, muitas histórias pontuaram as apresentações, trocas de experiências que ajudam a compreender melhor a vida, o dia a dia das professoras, tão acostumadas à realidade de seus alunos, mas que passam a enxergá-los de maneira diferente com a implantação dessa metodologia em sala de aula. Um exemplo, dentre tantos relatos, teve como protagonista um aluno do município de Itaporanga, Sertão, que ao ser indagado pelo educador Jucivânio de Sousa Silva, conhecido como Mimi, sobre o que queria ser quando crescesse, afirmou presidiário, explicando que seu pai falara para ele que o detento tem TV na cela. 

No município de Sousa, conhecido internacionalmente pelo seu sítio arqueológico “Vale dos Dinossauros”, com pegadas pré-históricas bem conservadas de milhões de anos, o destaque foi um educador, Francisco Iranildo Sarmento, que cantou e encantou a todos ao tocar teclado no momento do almoço. Nesse mesmo dia cerca de 150 professores unidos e motivados fizeram a dança circular “Longa Lagarta”, ocupando todo o pátio da Escola de Demonstração, mais uma atividade da Liga Pela Paz que possibilita a transformação das emoções desconfortáveis em confortáveis de maneira lúdica e envolvente.

Em Patos o brincar foi amplamente defendido pela secretária de Estado da Educação, Márcia Lucena, como meio de desenvolvimento do intelecto, de socialização da criança. Durante o evento, secretária Lucena, que é formada em Música, enfatizou a importância das estratégias da Liga Pela Paz no convívio da comunidade escolar e reiterou os resultados de aprendizagem já verificados onde a metodologia foi implantada.

Em Soledade, uma diretora de escola, professora Maria de Fátima Araujo Diniz, sem esquecer a cordialidade sertaneja, preparou uma sobremesa, denominada “Paixão Cremosa”, para recepcionar a equipe pedagógica, que acabou tendo aulas de culinária com a merendeira Dona Ana, que ensinou a fazer tapioca com vários tipos de ingredientes.

A formação dos professores da região de Catolé aconteceu na Escola João Suassuna, que leva o nome do pai do escritor paraibano Ariano Suassuna, falecido mês passado. A escola funciona na antiga casa do patriarca homenageado. Em Catolé do Rocha ainda residem membros dos Suassuna.

Pequenos gestos, grandes emoções


Na formação de João Pessoa a presença de uma professora com deficiência auditiva, Rosana, acompanhada de intérprete, gerou profundas emoções em uma das salas, propiciando a reflexão sobre o respeito à diversidade. No momento da dança circular, a exemplo da dança “Epo e Tai Tai” (canção tradicional folclórica do povo Maori, habitantes originais da Nova Zelândia), que busca a inclusão, a mudança de comportamento, a interação em equipe, a convivência pacífica, cada um respeitando a individualidade do outro, a professora com deficiência auditiva também participou.


Todos os demais professores foram convidados a cantar somente em pensamento durante a dança. “Foi um momento bastante emocionante, todos dançaram sorrindo, muitos choraram por essa interação com a professora Rosana”, comentou a consultora pedagógica Fernanda Pereira. O agradecimento mútuo entre a consultora e a professora com surdez por tantas experiências ocorridas durante a formação da Liga Pela Paz aconteceu apenas com um sorriso, um olhar.

A metodologia Liga Pela Paz, hoje realidade nas escolas estaduais de toda a Paraíba, com mais de 2.200 professores habilitados a aplicá-la em sala de aula, fazendo uso de importante suporte didático, elevou a autoestima dos professores. Ao longo do período de formação, nos 15 municípios que sediaram os encontros, os educadores perceberam o quanto podem fazer para melhorar o relacionamento em sala de aula e reduzir a violência, trabalhando as emoções.

Durante os próximos seis meses muitas mudanças de comportamento devem ocorrer positivamente no âmbito escolar. Espera-se que o reconhecimento emocional dos professores e alunos leve a melhoria de relacionamento e aproveitamento didático. Será um trabalho acompanhado por consultores pedagógicos da Inteligência Relacional, que ao término desse período fará avaliação das experiências vivenciadas pela comunidade escolar.


Marcos Eugênio

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