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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Comunidades da região de Mamanguape aprendem a lidar com as emoções

Entrega de certificados na Castro Pinto
Localizada a 116,7 Km de João Pessoa, Barra de Camaratuba, pertencente ao município de Mataraca, litoral norte paraibano, possui um povo de hábitos simples, em sua maioria com nível de escolaridade baixo, mas que está voltando às salas de aula. O intuito não está apenas em aprender as disciplinas tradicionais, como Matemática, Português, e sim desenvolver melhor as emoções.

Exercício do elogio na Augusto Trindade
A ação de educação emocional, pelo Governo do Estado em parceria com a Organização Inteligência Relacional, permite aos pais de alunos participarem na escola de inúmeras atividades, como palestras, dinâmicas e diálogos em torno de assuntos importantes para as relações familiares.

Lugar de difícil acesso à telefonia móvel e aos serviços de internet, EEEF José Augusto Trindade é um desses núcleos que estão recebendo as famílias para dialogar sobre suas habilidades emocionais. Recentemente, a instituição concluiu o primeiro ciclo de oito encontros com os pais de alunos, com um envolvimento de 216 crianças na iniciativa.

“A partir desses encontros a gente percebe maior confiança, diálogo mais franco com os filhos, redução de atitudes agressivas, mais respeito mútuo entre pais e filhos”, comenta Maria de Fátima Macedo, gestora da Augusto Trindade.

Mãe de dois filhos, Simone Ferreira Nascimento acredita que houve progresso na sua relação com eles, no tocante à afetividade, à atenção e ao carinho. “Só tenho que agradecer e parabenizar esse trabalho. Minha vida mudou bastante a partir dessas reuniões, na forma de encarar determinadas situações. Passei a compreender com mais paciência as necessidades deles, a ficar mais próxima também para ajudá-los quando for preciso”, diz outra mãe, a senhora Delma Severino.

O diálogo entre pais e filhos, a troca de carinho e o respeito são sempre apontados pelos pais como herança desses encontros, que acontecem em todas as Gerências Regionais de Educação da Paraíba (GREs).  Simone da Silva, com um filho de nove anos na Escola Augusto Trindade, fala que antes condicionava a dar algo ao seu filho só se ele fizesse a lição de casa. “Ele ficava muito alterado, era rebelde. Estamos conversando mais. Assim como eu estou mais calma, o desempenho dele melhorou. Ele já faz as tarefas sem reclamação, lê sozinho e até questiona sobre a pronúncia de certas palavras. Um sinal que está mais interessado em aprender”, comenta.

A coordenadora do PSI (Primeiros Saberes da Infância), da 14ª GRE, Maria José Braz, entende a Metodologia Liga Pela Paz como uma ruptura, uma transformação e um melhor entendimento das relações familiares, possibilitando abertura ao diálogo. “Esses encontros são o plantio de uma semente que dará muitos frutos. Temos relatos de vários pais afirmando que hoje existe mais harmonia e menos violência em casa”, completou Maria José.




Ao final do oitavo encontro na Escola Augusto Trindade, Lindalva Costa, responsável pela confecção do bolo de encerramento, ressaltou a importância da presença daqueles pais na escola, um momento em que foi possível aprender a lidar com as emoções, lembrando as consequências de uma família que não dialoga, não se respeita e não tem afeto, numa referência ao contexto de violência presente em todos os lugares.

Encontro nas escolas gera mais afeto no lar.
Maria José e Gerailton Santos, presenteados pela Margarida Dias.

No município vizinho, Jacaraú, a EEEF Castro Pinto, com 275 alunos, também chegou ao fim o ciclo de encontros com as famílias na escola.  Uma turma de pais que demonstrou crescimento de suas habilidades emocionais ao longo do processo, como aprender a controlar a raiva, fazendo questão de lembrar algumas dinâmicas de relaxamento e trechos do DVD Emoções na Família trabalhado em sala de aula.

O gerente de educação da 14ª GRE, Gerailton Santos, que marcou presença nos dois encontros, elogiou a participação das famílias. “Esses momentos são de muito aprendizado para toda a comunidade escolar. A reflexão de temas significativos, como o diálogo, o perdão, a afetividade e a maior presença da família na educação dos filhos, fortalece os laços, contribuindo para que tenhamos uma escola mais inclusiva, com menos violência e mais harmonia”, comentou.

Na Escola Castro Pinto, a formação das famílias foi conduzida pelas educadoras socioemocionais Suely Medeiros (gestora), Dacieli Santos e Josefa Duarte. Referência em incentivo ao desporto, a instituição oferece aos educandos aulas de karatê, futebol, xadrez, futsal e atletismo, atividades que ajudam os alunos a trabalharem o coletivo e a interação, despertando novos talentos para o esporte.   
A gestora falou com entusiasmo sobre a troca de experiências entre os pais que vivenciaram esses encontros de educação emocional na família. “Eles não tinham o hábito de elogiar seus filhos, eram só broncas. Essa parceria entre Governo e Inteligência Relacional permite a ampliação do diálogo no lar. A relação entre pais e filhos melhorou bastante”, falou Suely com satisfação.

EEEFM Margarida Dias
Maria das Neves do Nascimento relata que seu filho, de 14 anos, era inquieto e dava-lhe trabalho. Hoje ambos estão menos estressados, com mais tolerância e diálogo. A senhora Maria José, outra mãe, fala que não dava muita atenção aos filhos, não enxergava essa necessidade do afeto e do diálogo. Mas que, a partir dos encontros, compreendeu melhor seu papel na formação deles.

No dia anterior a esses encontros, a EEEFM Margarida Dias, no município de Pedro Régis, também encerrava seu primeiro ciclo do Emoções na Família, onde os pais puderam expressar tudo que estavam vivenciando. É o caso do pai da aluna Bárbara Cristina da Silva, o senhor José Antônio da Silva, que agradeceu pela oportunidade. “A gente que é pai quer ensinar, acompanhar melhor a educação de nossos filhos”, enfatizou. Sua filha, Bárbara Cristina, diz que seu pai é um grande exemplo em sua vida, explicando que todos os dias lhe ensina a ter mais paciência com seu irmãozinho, que é bastante levado.

Valquíria Feitosa
Valquíria Feitosa Chagas da Silva, uma das mães que frequentou os encontros da Escola Margarida Dias, com um filho de 9 anos, falou um pouco sobre como se comportava antes e depois dos encontros. “Não sou muito de rir. Antes eu apenas regrava muito meu filho, que tinha um certo medo de mim, mesmo eu vindo com frequência à escola. Hoje a gente passeia junto, conversa, vai às festinhas. Antes da Liga Pela Paz tinha meu filho como um irmão, tanto eu como o pai dele. Esses encontros mudaram muito nossas vidas. Hoje digo a meu filho que o amo, estamos mais juntos. Quando visto uma roupa pergunto a ele se estou bem. Até nas escolas a gente compartilha melhor os problemas da nossa comunidade”, comenta a senhora Valquíria. 


Assessoria

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