Nato da Morada do Sol, chegando
aos 66 anos, Manoel Perigo Neto, mais conhecido por Perigo Neto, assinatura de
longas datas de suas telas de cores quentes, frias, alegres que retratam tão
bem um universo cultural de seu berço, de suas vivências, reflexões do
cotidiano regional.
A pescaria, o cangaço, a
religiosidade, dramas sociais, como a miséria são alguns temas tão bem
detalhados na exposição Perigo Neto - 50 Anos de cores (22 quadros),
que representam as cinco décadas de dedicação às artes plásticas, em cartaz no
Centro Cultural Amaury de Carvalho, em Patos, e que ficar em cartaz até amanhã,
25 de junho.
50 Anos de Cores ocupou dois anos
do cotidiano do artista plástico patoense até ser concluída. Nada mais
gratificante para o autor que celebrar meio centenário de produção artística em
sua terra, com a presença de muitos amigos, do TG, antigo Diocesano, Estadual,
e do Fortelândia, clube de jovens da cidade, um dos momentos marcantes de sua
vida, onde surgiram as primeiras pinceladas (Roberto Carlos), numa pintura em
parede. “Essa exposição no período junino me dá a satisfação de reencontrar
muitos que residem fora, que costumar aparecer em Patos nesse período”, comenta
Perigo neto.
Do desenho do rei Roberto Carlos
foram surgindo convites para pinturas em clubes, períodos de carnaval, festas
regionais, como a do Algodão, da Primavera em seguida ele passou para as telas.
Uma das obras que bastantes visíveis de Perigo neto são os painéis (12) da
antiga rodoviária de Patos, feitas em 1972, a convite do então prefeito Olavo
Nóbrega, por meio do amigo de Perigo, Romero Nóbrega (In memória) para celebrar
o Sesquicentenário (150 anos) da Independência.
As cores marcantes, que tanto
identificam a produção do artista patoense tem muito a ver com o trabalho
ligado aos carnavais, que exigiam dele misturas de cores em tonalidades fortes.
Os temas abordados fazem parte do contexto regional, das coisas, dos homens
simples, das localidades em que residiu ou reside, exemplo das imagens praieiras,
da sua permanência em Fortaleza, Recife.
“O tempo leva à perfeição”
Perigo Neto faz uma análise do
mercado de artes plásticas no Brasil. “É bastante complicado. Costumo comparar
o artista plástico ao cantor. Existem milhares, mas poucos conseguem gravar,
aparecer no cenário nacional. A concorrência é muito grande e o incentivo à
cultura todos sabem como funciona aqui no Brasil”, opina.
Sob o aspecto de incentivo a quem
se propõe enveredar pelas artes plásticas, formas e imagens, Perigo Neto
orienta a começar e não parar, que a aprendizagem só acontece através da
prática, do aprimoramento a cada dia. “O tempo leva à perfeição. Ainda estou
aprendendo e gostaria de ter mais tempo para melhorar cada vez mais”, afirma. Acrescenta
que pretende continuar produzindo, mesmo com o tempo curto que dispõe, por ser
funcionário público.
Marcos Eugênio